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sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Lembranças de felicidade



Cremos que muitos de nós, senão todos, recordamos de certos momentos em família. Sobretudo, aqueles que marcaram a nossa infância.
Quantas vezes nos erguemos, no meio da noite, despertando de um sonho mau ou com o barulho do temporal na janela e corremos para o quarto dos nossos pais?
Antes mesmo que sequer eles se dessem conta, pulávamos no meio deles, buscando aconchego. Ali o medo desaparecia, nos sentíamos protegidos.
Quase sempre, logo em seguida, um dos irmãos fazia o mesmo trajeto e também se amontoava na mesma cama.
Pai e mãe se acomodavam, nos cobriam, abraçavam e murmuravam: Tudo bem. Logo passa. Fechem os olhos e durmam. Estão seguros aqui.
E como era seguro, entre ambos, que pareciam duas muralhas a impedir qualquer coisa ruim de nos atingir.
Entre as cobertas, de vez em quando, vinha uma reclamação: Está apertado. Chega mais pra lá. Eu estou sem coberta. Mãe, ele está me chutando.
E os pais se esforçavam para dormir, enquanto um pequeno se mexia, outro fungava e até puxava assunto porque perdera o sono.
Enfim, quando chegava a manhã, havia sempre um pouco de dengo para sair da cama. Afinal, quem quer deixar algo tão bom?
Por vezes, algumas risadas, porque o pai nos fazia cócegas a fim de nos despertar de vez e levantarmos.
O próximo encontro era na cozinha. Ainda de pijama, tomávamos o café com torradas, doce, frutas. Quantas delícias. E era um tal de quero mais e quero mais.
Lembranças deliciosas que se misturam ao cheiro de café, pão quentinho, manteiga derretendo na fatia fumegante.
Nos dias atuais quanto perdemos em levantando apressados, tomando café de qualquer jeito, sem cumprimentar o dia que surge, sorrindo, entre as árvores.
Lembranças...
Mas havia outras. Havia aqueles momentos em que todos íamos para a casa da avó. Era o dia dos pais terem seu programa. E lá estávamos nós, os primos reunidos, todos querendo a mesma coisa.
O colchão enorme na sala mal continha todos nós. E com certeza não deve ter durado muito tempo com tantos pulos e batalhas com travesseiros, sobre ele.
Sem falar nos montes que fazíamos. Montes de gente. Um sobre o outro, até despencarmos todos sobre ele, o colchão amigo.
E havia o momento do bolo de fubá, dos bolinhos de chuva. Quanta coisa gostosa havia na casa da vovó. E nenhum de nós estava preocupado com calorias ou dietas.
Hoje, distantes uns dos outros, cada qual com sua vida, sua profissão, sua família, demoramos a nos reunir todos.
Essas lembranças alimentam nossas horas e nos dizem que coisas tão simples podem nos fazer felizes.
Será que estamos oportunizando alguns desses momentos para nossos filhos?
Lembramos de uma batalha de travesseiros, de pular na cama, de aceitá-los entre nós, quando nos buscam, pela madrugada e estamos querendo somente dormir?
Será que reprisamos com eles algumas daquelas coisas que fizeram a grande diferença em nossa infância? Tal diferença que os anos se multiplicaram e elas continuam vivas em nossa memória.
Vivas, felizes, dizendo-nos que a vida é feita de pequenos nadas, quase tudo.
Lembranças de felicidade. Que tal reavivá-las?
Redação do Momento Espírita

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