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domingo, 15 de julho de 2018

Anjos de plantão

Toda escola promove, com certa regularidade, determinadas festividades, onde as crianças se apresentam.
São danças, pequenas peças teatrais, uma curta declamação, onde os pequenos homenageiam seus pais.
É uma forma da escola mostrar a eles como estão evoluindo seus pequenos, tanto quanto propiciar esse encontro família-escola-professores.
É comum as mães e pais se emocionarem, chorarem mesmo, ao verem aqueles toquinhos de gente dando o máximo de si, para se apresentarem bem.
E todos são aplaudidos, porque sempre tem um pai ou uma mãe que puxao cordão das palmas.
São momentos especiais. Momentos que se gravam com câmeras de vídeo, câmeras fotográficas, celular mas, sobretudo, com o coração.
Foi com esse espírito que a mãe de Roberto, um adolescente de quinze anos, foi assistir à partida de futebol do campeonato do colégio.
O menino a convidou e ela levou várias de suas amigas consigo.
Ele estava muito entusiasmado porque era uma partida decisiva e, de toda a sua turma, era o único na equipe de futebol.
Aquela era a primeira vez que a mãe assistiria um jogo. Quando terminou, ela foi esperar o filho na porta do vestiário para levá-lo de carro para casa.
Ele veio sorridente, feliz com o resultado e logo a crivou de perguntas:
Mãe, o que achou do jogo?Você viu os três gols sensacionais do nosso time? Viu a defesa?
Viu como, no segundo tempo, conseguimos recuperar a bola, depois de a termos deixado escapar? Que tal, hein, mãe?
Roberto, você foi maravilhoso. Fiquei muito feliz com seu comportamento, durante o jogo.
Você levantou suas meias até o joelho onze vezes. Sei que você estava transpirando muito, porque tomou quatro bebidas energéticas e jogou água no rosto duas vezes.
Achei muito bom quando você saiu do seu lugar e foi dar tapinhas nas costas do número nove, do número cinco e do dezoito, quando eles foram substituídos.
Mãe! Falou o adolescente. Espere aí: como é que você sabe disso tudo? Como você pode dizer que eu fui maravilhoso? Eu nem entrei em campo. Eu não joguei essa partida.
Ela sorriu e o abraçou: Meu filho, eu não entendo nada de futebol. Não vim aqui para ver o jogo. Vim aqui para ver você.
*   *   *
Dificilmente esse garoto haverá de se esquecer de uma tal declaração de amor.
Em algum dia de solidão, ele a deverá recordar, levando-o a se deliciar, outra vez, com o forte e generoso abraço recebido.
E é assim que são as mães. Elas vão ver o seu filho, que, naturalmente, estará ao lado de outros tantos.
Mas, mesmo que ele esteja entre uma multidão, os olhos dela o alcançarão.
Ela estará atenta a todos os detalhes, sabendo se ele está dando o máximo de si, se está cansado, quase esgotado, se está feliz...
Enfim, mães são essas criaturas especiais que ouvem nosso coração bater junto ao seu, meses e anos a fio.
E mesmo depois que crescemos, vamos para longe, formamos nosso próprio lar, temos nossos filhos, continuam a ouvir o nosso coração bater forte, descompassado, triste, feliz.
Por isso, ninguém se alarme se, no meio de uma noite de preocupações e insônia, o telefone tocar e ouvir do outro lado: Alô? Meu filho, tudo bem? Algum problema?
Porque as mães são assim: anjos de guarda sempre de plantão.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Ron, de
Dan Clark, do livro 
Histórias para aquecer o coração das mulheres,
de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne
e Marci Shimoff,  
ed. Sextante.
Amor de amigo

Durante a Segunda Guerra Mundial, um orfanato de missionários, numa aldeia vietnamita, foi atingido por várias bombas.
Os missionários e duas crianças morreram na hora e muitas ficaram feridas, inclusive uma menina de oito anos.
Através do rádio de uma aldeia vizinha, os habitantes buscaram socorro dos americanos. Um médico da Marinha e uma enfermeira chegaram trazendo apenas maletas de primeiros socorros.
Perceberam logo que o caso mais grave era o da menina. Se não fossem tomadas providências imediatas ela morreria por perda de sangue. Era urgente que se fizesse uma transfusão.
Saíram a procura de um doador com o mesmo tipo sanguíneo. Os americanos não tinham aquele tipo de sangue, mas muitos órfãos que não tinham sido feridos poderiam ser doadores.
O problema agora, era como pedir às crianças, já que o médico conhecia apenas algumas palavras em vietnamita e a enfermeira tinha poucas noções de francês.
Usando uma mistura das duas línguas e muita gesticulação, tentaram explicar aos assustados meninos que, se não recolocassem o sangue perdido, a menina morreria.
Então perguntaram se alguém queria doar sangue. A resposta foi um silêncio de olhos arregalados.
Finalmente uma mão levantou-se timidamente, deixou-se cair e levantou de novo.
Ah, obrigada. - Disse a enfermeira em francês. – Como é o seu nome?
O garoto respondeu em voz baixa: Heng.
Deitaram Heng rapidamente na maca, esfregaram álcool em seu braço e espetaram a agulha na veia.
Durante esses procedimentos, Heng ficou calado e imóvel.
Passado um momento, deixou escapar um soluço e cobriu depressa o rosto com a mão livre.
Está doendo, Heng? - Perguntou o médico. Heng abanou a cabeça, mas daí a pouco escapou outro soluço e mais uma vez tentou disfarçar. O médico tornou a perguntar se doía, e ele abanou a cabeça outra vez, significando que não.
Mas os soluços ocasionais acabaram virando um choro declarado, silencioso, os olhos apertados, o punho na boca para estancar os soluços.
O médico e a enfermeira ficaram preocupados. Alguma coisa obviamente estava acontecendo.
Nesse instante, chegou uma enfermeira vietnamita, enviada para ajudar. Vendo a aflição do menino, falou com ele, ouviu a resposta, e tornou a falar com voz terna, acalmando-o.
Heng parou de chorar e olhou surpreso para a enfermeira vietnamita. Ela confirmou com a cabeça e uma expressão de alívio estampou-se no rosto do menino. Então ela disse aos americanos:
Ele achou que estava morrendo. Entendeu que vocês pediram para dartodo o sangue dele para a menina poder viver.
E por que ele concordou? Perguntou o médico.
A enfermeira vietnamita repetiu a pergunta, e Heng respondeu simplesmente:
Ela é minha amiga.
Pense nisso!
Você já pensou em ser um doador de sangue?
Geralmente só o fazemos quando a necessidade é de um familiar ou um ente querido, mas a solidariedade convida-nos a doar para salvar vidas.
Tornando-nos um doador voluntário, estaremos contribuindo grandemente com a sociedade.
Pense nisso!
Redação do Momento Espírita, com base na história Não há amor maior,
 de John W. Mansur, disponibilizado na Internet (col. John W. Mansur,
 extraído de The Missileer).



Felicidade das mães

No Dia das Mães, quando tantas homenagens ocorrem, uma garota escreveu: Durante toda a vida ouvi falar: “Se o filho está feliz, a mãe está feliz. Tudo que eu quero é ver meu filho feliz!”
Francamente, impossível acreditar nisso.
Se fosse verdade, eu teria podido comer aquela barra de chocolate inteirinha. Isso me teria feito muito feliz.
Mas ela não deixou. Cortou minha felicidade ao meio.
Quando quis virar a noite no videogame, eu estava no auge da minha felicidade. Mas ela não entendeu. Por acaso, ela pensou na minha felicidade? É claro que não.
Ela disse que contaria até três e me fez desligar a TV, no meio da última fase do jogo.
Se houvesse sinceridade nesse desejo dela de me ver feliz, ela teria me deixado namorar ao invés de estudar.
Como ela pôde me proibir de sair e me forçar a ficar horas com os livros, quando tudo que me faria feliz naquele momento estava lá fora?
O sol estava lá fora. O namorado estava lá fora. Os amigos estavam se divertindo. Todos... menos eu.
Como sempre, o que eu ouvia era: “Você não é igual a todo mundo. Você é minha filha.”
E, naquele dia, em que cheguei chorando porque tinha sido injustiçada pelos amigos, ela disse: “Você deve ter feito alguma coisa para merecer isso!”
Quanta insensibilidade!  Ela não sabia que me faria feliz se tivesse se unido a mim para dizer que eu estava certa?
Até me ajudasse a encontrar mil defeitos neles.
As mães dizem que nos querem ver felizes. Na verdade, também querem que arrumemos a cama, lavemos a louça, tiremos o lixo, cuidemos dos irmãos. E, ainda, nos forçam a comer o que elas dizem que é saudável.
Garanto que a maioria dos filhos pensa como eu.
*   *   *
Pois é. Pensamos assim até nos tornarmos mães. Quando a vida nos presenteia com um filho, passamos a ver as coisas de forma bem diferente.
não da barra de chocolate passa a ser entendido como um sim à disciplina alimentar. O não ao videogame se torna um sim às horas insubstituíveis de sono.
não ao namorado, não é um não ao namoro, é um sim ao futuro.
Então entendemos e agradecemos por cada atitude de nossa mãe porque todas serviram para nos tornar melhores.
Hoje, quando nossa mãe nos olha com orgulho, e sorri mesmo quando as coisas não estão fáceis, conseguimos compreender o sentido daquela frase repetida incansavelmente, ao longo da vida: “Se você estiver feliz, eu estarei feliz.”
Não há nada maior do que o amor de uma mãe. Também nada mais gratificante do que descobrir, nos seus olhos, a felicidade por ver seu filho bem neste mundo.
Agradeçamos à nossa mãe o que fez por nós, por nos ter transformado num barco forte para passar por todas as tempestades.
Agradeçamos por ter nos acolhido com mesa farta quando chegamos em terra firme com a alma sedenta de amor e o coração faminto de carinho.
Agradeçamos pelo melhor colo do mundo e pelo sorriso maravilhoso de se ver!
E sim, ficamos zangadas quando ela está longe. Nós a queremos por perto para continuar dizendo os santos não para essa criança, dentro de nós, que nunca para de aprender!
Amamos você, mamãe!
Redação do Momento Espírita, com base em
texto escrito por Luciana Goldschmidt Costa.
A outra janela

A menina debruçada na janela trazia nos olhos grossas lágrimas e o peito oprimido pelo sentimento de dor causado pela morte do seu cão de estimação.
Com pesar, observava atenta o jardineiro a enterrar o corpo do amigo de tantas brincadeiras. A cada pá de terra jogada sobre o animal, sentia como se sua felicidade estivesse sendo soterrada também.
O avô, que observava a neta, aproximou-se, envolveu-a num abraço e falou-lhe com serenidade: Triste a cena, não é verdade?
A netinha ficou ainda mais triste e as lágrimas rolaram em abundância.
No entanto, o avô, que sinceramente desejava confortá-la, chamou-lhe a atenção para outra realidade. Tomou-a pela mão e a conduziu até uma janela opostamente localizada na ampla sala.
Abriu as cortinas e permitiu que ela visse o imenso jardim florido à sua frente, e lhe perguntou carinhosamente:
Está vendo aquele pé de rosas amarelas, bem ali à frente?
Lembra-se de que me ajudou a plantá-lo? Foi num dia de sol como o de hoje, que nós dois o plantamos.
Era apenas um pequeno galho cheio de espinhos, e hoje... Veja como está lindo, carregado de flores perfumadas e botões como promessa de novas rosas!
A menina enxugou as lágrimas que ainda teimavam em permanecer em suas faces e abriu um largo sorriso.
Mostrou as abelhas que pousavam sobre as flores e as borboletas que faziam festa entre uma e outra, e as tantas rosas de variados matizes, que enfeitavam o jardim.
O avô, satisfeito por tê-la ajudado a superar o momento de dor, falou-lhe com afeto:
Veja, minha filha, a vida nos oferece sempre várias janelas.
Quando a paisagem de uma delas nos causa tristeza, sem que possamos alterar-lhe o quadro, voltemo-nos para outra, e certamente nos depararemos com uma paisagem diferente.
Tantos são os momentos felizes que se desenrolam em nossa existência. Tantas oportunidades de aprendizado nos visitam no dia a dia, que não vale a pena chorar e sofrer diante de quadros que não podemos alterar.
São experiências valiosas das quais devemos tirar as lições oportunas, sem nos deixar tragar pelo desespero e pela revolta, que só infelicitam e denotam falta de confiança em Deus.
A nossa visão do mundo ainda é muito limitada, não temos a capacidade de perceber os objetivos da Divindade, permitindo-nos os momentos de dor e sofrimento.
Mas Deus tem sempre objetivos nobres e uma proposta de felicidade a nos aguardar, após cada dificuldade superada.
*   *   *
Se hoje você está a observar um quadro desolador, lembre-se de que existem outras tantas janelas, com paisagens repletas de promessas de melhores dias.
Não se permita contemplar a janela da dor. Aproveite a lição e siga em frente com ânimo e disposição.
O sofrimento que hoje nos parece eterno, não resiste à força das horas que a tudo modifica.
A luz sempre vence as trevas, basta que tenhamos disposição íntima e coragem de voltar-nos para ela.
Agindo assim, o gosto amargo do sofrimento logo cede lugar ao sabor agradável de viver, e saber que Deus nos ampara em todos os momentos da nossa vida.
Redação do Momento Espírita.
Tantas pátrias, tantos amores

Quando o assunto amor à Pátria é trazido à baila, alguns apressados, tendo em mente as tantas vidas que temos sobre esta Terra, falam de sua incoerência.
Afinal, afirmam, somos simples passageiros em trânsito por este planeta, considerando que, logo mais, estaremos em outras moradas deste infinito Universo.
Sim, é verdade, transitamos por muitos lugares. Quem pode lembrar, no transcurso das tantas reencarnações, por onde já passou, somente neste planeta? Em que países já viveu?
No entanto, sabedores de que muitas vidas tivemos e muitas outras ainda aqui teremos, conforme a afirmação do Cristo de que não sairíamos daqui, até termos pago o último ceitil, ou seja, cumprirmos tudo que nos compete, não podemos deixar de pensar quantas nações diversas já integramos.
Então, nosso sentimento somente pode ser de gratidão. Se hoje amamos o torrão que nos serviu de berço, se assistimos o balançar caprichoso do pavilhão nacional, olhando a geografia do mundo, ficamos a cogitar por onde andamos, anteriormente.
Contemplando as pirâmides do Egito, as dunas do deserto, pensamos quando teremos transitado por lá. O que hoje lemos como a doutrina secreta dos egípcios, terá sido, em algum momento, nosso estudo principal?
Em que momento, afinal, admitimos a certeza da imortalidade da alma? Terá sido ali, nos templos do Egito, ou na doutrina védica da Índia?
E que mais aprendemos, transitando pelas estradas indianas?
Teremos, acaso, vivido entre o povo de Israel? Em que momento? Teremos ali bebido a fé em Yahweh e por primeira vez, decifrado as Leis do Decálogo?
Países, nações... Por onde teremos transitado em tantas e tantas vidas? Não podemos esquecer da gratidão por cada uma dessas experiências na carne.
E por cada uma dessas nações que nos recebeu em seu seio, em algum momento, em alguma época.
Quando nos emocionamos com uma canção francesa, quando nos dói na alma assistir aos ataques terroristas sofridos pela capital francesa, não estaremos apenas recordando de algum tempo, em que aquela foi nossa Pátria?
Nossa alma, é bem possível, seja como uma imensa colcha de retalhos de cores diferentes, plenos de saudades, plenos de gratidão.
Quantas amizades teremos construído em solo alemão? Que teremos angariado na passagem pelas terras inglesas?
Em que país nos tornamos virtuoses do piano? Em que palcos do mundo fomos aplaudidos?
Onde fomos nobres, sábios ou iletrados e simples e esquecido povo? Onde aprendemos a soletrar o verbo amar?
Terra amada, planeta azul. Quanta diversidade. Por onde andamos, do Oriente ao Ocidente, sob o sol causticante ou em terras geladas?
Gozamos do calor do sol o ano inteiro ou simplesmente ansiamos por aqueles poucos meses em que ele se fazia presente?
Imenso lar. Abençoada escola. Sim, nossa devoção pátria é hoje para o lugar em que nascemos ou que adotamos. No entanto, não podemos esquecer as bênçãos inúmeras e os extraordinários momentos que nos ofertaram a África, a Ásia, a Oceania, a Europa, a América.
Porque se todos somos filhos do mesmo Pai, vivendo neste grande lar que lhe pertence, a lição ainda e sempre é a da fraternidade que nos deve unir a todos.
E a gratidão pelos solos e acidentes geográficos que nos oportunizaram aprendizado.
Amor à Pátria brasileira, hoje. Gratidão a todas as Pátrias pelas quais transitamos, no ontem.