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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Sejamos como Jesus

Certa vez, numa entrevista, Francisco Cândido Xavier foi questionado se o nome Jesuspossui algum significado especial.
O médium mineiro, a fim de ilustrar a magnitude desse nome, relatou que, quando ainda morava em Pedro Leopoldo, tinha o costume de, semanalmente, unir-se a amigos, a fim de visitar pessoas, em especial as enfermas, e por elas orar.
Uma senhora, de nome Valéria, foi acometida de grave pneumonia. Assim, o grupo de amigos decidiu que iria todas as tardes orar junto dela.
Numa dessas ocasiões, Chico Xavier pediu: Minha irmã, diga o nome Jesus. Ela tentou, mas o mau desempenho respiratório não lhe dava fôlego suficiente para completar a palavra.
Em outra oportunidade, após a oração, novamente o médium solicitou: Diga o nome Jesus, minha irmã.
Valéria esforçou-se muito e, quase que num sussurro, sorriu e disse: Jesus.
Dias depois, Valéria desencarnou.
Alguns anos se passaram. Certa feita, Chico Xavier foi acometido de um infarto. Após os cuidados no hospital, foi enviado para casa, onde deveria fazer repouso absoluto.
Nesses dias de convalescença, muitos Espíritos amigos o visitaram, trazendo-lhe conforto físico e espiritual.
Todavia, em certa oportunidade, um Espírito se apresentou. Tratava-se de uma bela mulher, envolvida em luz e paz.
Com um afável sorriso, aproximou-se dele e falou: Meu irmão, traz grande alegria ao meu coração visitá-lo. Você se lembra de mim?
O médium, ainda que se esforçasse, não conseguia se recordar daquele rosto.
Minha irmã, disse ele, você pode me dizer seu nome? Peço perdão, mas não consigo me lembrar de você.
Eu não vou lhe dizer meu nome, redarguiu o Espírito. Faça um esforço, Chico! Lembre-se de mim!
Entretanto, por mais que tentasse, Chico não conseguia se lembrar.
Notando a dificuldade do amigo, o Espírito asseverou: Não irei lhe dizer meu nome, querido Chico. Direi apenas uma palavra e você me reconhecerá: Jesus!
Nesse exato instante, Chico sorriu para ela e a reconheceu: Minha irmã Valéria! Você veio me visitar!
Emocionada, ela respondeu: Eu vim, meu amigo. E vim por meio dEle, em nome dEle, Jesus.
*   *   *
O Mestre dos mestres, em Sua grandeza, fez-se pequeno. Pobre, nasceu numa manjedoura.
Foi ofendido, desacreditado. Inocente de toda culpa, levaram-nO ao madeiro da cruz. Generoso, em Sua paixão ensinou-nos a perdoar: Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem.
Por um instante, cerremos os olhos e pensemos nEle.
Bondoso Jesus, que conheces a toda Humanidade e a cada um de nós em particular, permite que nossas mãos não se apartem das Tuas.
Permite que os nossos pés possam seguir as pegadas que deixaste em nossos caminhos.
Auxilia-nos para que, nas lutas de cada dia, nosso coração pouco a pouco se iguale ao Teu.
*   *   *
Que em nossas fraquezas, dificuldades e dores, digamos o nome de Jesus alto ou no segredo da nossa alma.
Que em nossas ações diárias, em nossos pensamentos e sentimentos, sigamos Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida.

Redação do Momento Espírita, com base em entrevista  concedida por
Francisco Cândido Xavier a Hebe Camargo e Nair Belo, em dezembro
de 1985.
Em 27.9.2018.

Nossos direitos

Antonio sentiu-se mal atendido na loja. Reclamou com a vendedora e com o gerente.
Saiu contrariado, sem adquirir o produto desejado. Na rua, encontrou um casal de amigos e compartilhou com eles sua indignação.
Chegando em casa, acessou o site de reclamações e descreveu em detalhes o ocorrido, registrando, dessa forma, o mau atendimento recebido no estabelecimento, ampliando a reclamação para toda a rede de lojas.
Nisso, Antonio perdeu a manhã toda, intoxicando-se com a própria raiva, sem conseguir resolver o que precisava.
Ele não se lembrou das vezes em que fora bem atendido naquela mesma loja; das vezes em que os vendedores se desdobraram para conseguir o produto que ele desejava.
Tampouco se lembrou das vezes em que estava mal humorado e foi ríspido com quem o atendia.
Ele havia ficado frustrado porque não conseguira o desconto que queria no produto. A vendedora tinha um limite e não pudera atender às suas expectativas.
Orgulhoso e desacostumado a ser contrariado, Antonio considerou como ofensa a negativa recebida.
*  *  *
Muitas vezes, nosso orgulho nos faz ter uma ideia distorcida dos fatos.
Quando nos julgamos mais importantes que os demais, criamos expectativas irreais e nos frustramos por não recebermos o tratamento e a consideração que imaginamos merecer.
Esquecemos que todos somos iguais perante as Leis Divinas. E também conforme as leis humanas.
Se as leis humanas por vezes são deturpadas para atender aos caprichos de quem se sente no poder, as Leis Divinas não contemplam privilégios. São perfeitas e imutáveis.
Quando nos sentimos ofendidos, prejudicados, buscamos os nossos direitos conforme as leis humanas. Reclamamos, despendemos tempo e energia exigindo retratação, compensação, justiça.
É de nos perguntarmos se temos esse mesmo empenho para cumprir com os nossos deveres, tanto os deveres cívicos quanto os morais.
Basta pensarmos no Decálogo. Basta recordarmos dos ensinamentos de Jesus. Amamos e respeitamos ao Pai Celeste e ao nosso próximo como a nós mesmos?
Evitamos cometer atos ilegais, maliciosos, delitos de qualquer espécie, como por exemplo, furar uma fila, sonegar um imposto, corromper um fiscal, entre outros atos?
Evitamos falar mal dos outros, deixando a maledicência e a fofoca bem longe de nossas mentes?
Somos pacientes e tolerantes com parentes e familiares problemáticos? Atendemos às necessidades de nossos pais, especialmente se idosos e enfermos?
Quando não cumprimos com nossos deveres, isso fica registrado, embora não em um site de reclamações.
Nossos pensamentos e atos geram energias que ficam gravadas em nós. Se forem negativos, nos acompanham até que mudemos e passemos a agir de acordo com as Leis Divinas.
E isso pode tardar anos ou muitas vidas, a depender de nós mesmos.
Todos somos credores do respeito aos nossos direitos. Entretanto, não nos esqueçamos de que, acima de tudo, temos o dever de respeitar os direitos de todos ao nosso redor.
Se todos assim agirmos, o mundo será um lugar realmente justo para a grande família que compomos, os que habitamos este planeta em transição para um mundo melhor.
Redação do Momento Espírita.Em 28.9.2018.

O equilíbrio do Universo

A Terra flutua sem ruído na imensidão.
Essa massa de quarenta mil quilômetros de circunferência desliza sobre ondas do éter como um pássaro no espaço.
Nada denuncia sua marcha imponente. Nenhum rangido de rodas, nenhum murmúrio sequerSilenciosa, ela passa, rola entre suas irmãs do céu.
Toda a potente máquina do Universo se agita. Os milhões de sóis e de mundos que a compõem, mundos junto dos quais o nosso é apenas uma criança, todos se deslocam, se entrecruzam, prosseguem suas evoluções com velocidadesapavorantes, sem que nenhum som, nenhum choque venha trair a ação desse aparelho gigantesco.
O Universo permanece calmo.
É o equilíbrio absoluto. É a majestade de um poder misterioso, de uma inteligência que não se impõe, que se esconde no seio das coisas, mas cuja presença se revela ao pensamento e ao coração.
Se a Terra evoluísse com ruído, se o mecanismo do mundo se restabelecesse com tumulto, os homens, apavorados, se curvariam e acreditariam.
Mas, a obra formidável é executada sem esforços. Globos e sóis flutuam no infinito, tão livres quanto plumas sob a brisa. Avante, sempre avante!
A ronda das esferas se desenvolve, guiada por uma potência invisível.
A vontade que dirige o Universo passa despercebida a todos os olhares. As coisas estão dispostas de maneira que ninguém seja obrigado a acreditar nelas.
Se a ordem e a harmonia do cosmo não bastam para convencer o homem, ele é livre para imaginar. Nada constrange o descrente para ir a Deus.
*   *   *
Acontece o mesmo com as coisas morais. Nossas existências se desenvolvem e os acontecimentos se sucedem sem ligação aparente.
Porém, a permanente Justiça domina do Alto e regula nossos destinos segundo um princípio irresistívelpelo qual tudo se encadeia numa série de causas e de efeitos.
Seu conjunto constitui uma harmonia que o Espírito, liberto de preconceitos,iluminado por um raio de sabedoria, descobre e admira.
O ser gravita um a um os degraus da escada gigantesca que conduz a Deus. E cada um desses degraus representa para ele uma longa série de séculos.
Se os mundos celestes nos aparecessem de repente, sem véus, em toda a sua gloria, ficaríamos ofuscados, cegos.
Mas, nossos sentidos exteriores foram medidos e limitados. Eles aumentam e se apuram à medida que nos elevamos na escala do aperfeiçoamento.
Acontece o mesmo com o conhecimento, com a posse das leis morais. O Universo se desvenda aos nossos olhos à proporção que a nossa capacidade de compreender as suas leis se desenvolve e engrandece.
Assim é a progressão dos mundos. Assim é a progressão das almas.
*   *   *
Reclina tua cabeça, jovem Espírito.
Reverencia aquilo que é maior que tu, maior que tua compreensão, maior que teus próprios sonhos e imaginação.
Aprecia o equilíbrio do Universo e te submete a ele alegremente, agradecido por fazer parte de algo tão majestoso.
Teu crer ou não crer não abala as estruturas perfeitas do cosmo que te guarda, humilde, em seu regaço seguro.
Influencia, no entanto, teus dias, tua esperança, tuas forças diante dos abalos que sofres a todo instante. Assim, a escolha sempre será tua.
No Universo reina equilíbrio absoluto, independente de ti. Em tua intimidade, porém, a estabilidade estará sempre sob teu controle.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1,do livro O grande enigma, de Léon Denis,  ed. FEP.
Em 1º.10.2018.

Esquecendo de viver

Tudo eram planos de felicidade. Dessa felicidade que se aguarda se perpetue, porque estamos ao lado de quem amamos.
O jovem casal vivia os dias de um namoro iniciado há pouco, embora a convivência e a amizade datassem dos dias da infância.
Juntos haviam cursado os mesmos bancos escolares, chegado ao curso universitário, cada qual definindo a sua área de atuação, no âmbito profissional.
Então, ela surgiu com a notícia de uma possível gravidez e resolveram tudo apressar.
No apartamento minúsculo, entre familiares e amigos, marcaram a data do casamento para breve.
Depois, buscaram o obstetra a fim de que tudo pudesse acompanhar.
Concluídos os exames, a grande surpresa. Ela não estava grávida.
Mas, então, indagou Patrícia, o que é isso que sinto crescer dentro de mim?
O diagnóstico a deixou apavorada. Era um câncer devastador.
Parecia que o chão lhe fora retirado dos pés. Em um momento, tudo eram flores, colorido, sonhos de ventura.
Em outro, a perspectiva de tratamentos agressivos, cirurgia. E, com poucas chances de sobrevida.
Então, veio a raiva, a inconformação: Por que eu? Por que agora, na flor da idade, com tanto a fazer e conquistar?
Em meio a consultas, exames, procedimentos que lhe tomavam longas horas, uma grande questão foi se apossando dos pensamentos de Patrícia:
Quando ela se fosse, quem cuidaria de André? Quem diria a ele, todo dia, pela manhã, o local exato onde abandonara os óculos na noite anterior?
Quem lhe diria que ele estava saindo com uma meia de cada cor? Quem prepararia as suas refeições balanceadas, de forma cuidadosa?
Um plano mirabolante tomou conta dela: ela procuraria alguém, uma mulher ideal, para que ficasse com ele quando ela partisse.
Quando ele tomou conhecimento do que ela planejara e estava executando, pediu que parasse de imediato.
Afinal, se depois que ela se fosse, decidisse ter alguém ao seu lado, ele mesmo escolheria.
Infelizmente, um tempo precioso fora empregado na ansiedade de Patrícia para encontrar a esposa perfeita para o seu amor.
A doença progredira de forma violenta e tudo prenunciava a sua partida muito em breve.
Só então ela se conscientizou de que não se permitira viver intensamente aquele amor que lhe era oferecido, não aproveitara a companhia do amado naqueles meses derradeiros.
Ela esquecera de viver o presente. E lamentava agora, quando as forças a abandonavam e não podia mais desfrutar de tantos bons e maravilhosos momentos.
*   *   *
A vida é feita de momentos que nunca se reprisam de igual forma.
Poderemos repetir os passeios, mas jamais o pôr do sol será idêntico, nem a brisa revolverá os cabelos amados do mesmo jeito.
Poderemos reprisar abraços, beijos, afagos, contudo, a emoção nunca será a mesma.
Exatamente porque Deus é tão extraordinário que nos possibilitou emoções sempre renovadas.
E também dispõe a natureza de maneira a jamais reprisar uma aurora, nem um anoitecer.
Então, nos compete viver cada dia, cada minuto, desfrutando e oferecendo amor. Sem perder nada, sem desperdiçar segundo algum.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 3.10.2018.

Terrorismo interno

No ano de 1571, Michel de Montaigne, jurista e filósofo francês, escreveu:Minha vida foi repleta de catástrofes. A maioria delas nunca aconteceu.
Curiosamente, essa realidade sempre esteve presente na vida do homem: ele sofre antes do sofrimento, antecipa a dor e, muitas vezes, a provoca sem necessidade alguma.
Conhecedor da alma humana em sua intimidade, Jesus fez preciso alerta, deixando ensinamento valioso.
No Sermão da Montanha, fala a todos sobre este tema, utilizando inclusive uma palavra bastante atual: preocupação.
Portanto eu digo: não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa?
Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai Celestial as alimenta. Não tem vocês muito mais valor do que elas?
Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem.
Contudo, eu digo que nem Salomão, em todo seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá mais a vocês, homens de pequena fé?
Portanto, não se preocupem, dizendo: que vamos comer? Ou que vamos beber? Ou que vamos vestir?
Busquem, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês.
Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal.
*   *   *
Se a preocupação fosse apenas uma preparação para o dia de amanhã, um planejamento, ela certamente seria benéfica.
No entanto, sabemos que ela vai muito além disso. Sua tônica principal, aliás, está na antecipação do sofrimento, num terrorismo interno totalmente desnecessário.
Há uma incoerência: quanto mais preocupados, mais incapazes vamos ficando para resolver aquilo que nos atemoriza.
Sabemos que esse sentimento, por vezes, nos escapa à razão e é quase inevitável. No entanto, existem alguns auxílios com os quais podemos contar:
As conversações salutares: contar nossa preocupação para quem confiamos. Evitar guardá-la para nós. Depois, ouvir o bom conselho, sempre salutar, considerando que, quase sempre criamos um monstro inexistente, supervalorizando questões, enxergando as coisas apenas através de um ponto de vista.
A meditação: reservar alguns minutos diários para a prática da meditação, evitando que os pensamentos negativos se instalem. Além disso, boas leituras auxiliam a substituir ideias sufocantes por revigoradas.
A oração: manter contato com o Criador e a Espiritualidade Superior através da prece é sempre importante. Esse hábito fortalece o Espírito diante das dificuldades e nos relembra dos objetivos maiores da vida.
É imperioso lembrar da mensagem do Cristo, que não foi apenas para aqueles que O escutaram ao pé do monte, mas para todas as gerações: Não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. Para cada dia basta o seu próprio mal.
Redação do Momento Espírita, com base no
Evangelho de Mateus, cap. 6, versículos 25 a 34.
Em 9.10.2018.

Espalhando o bem...

Quanto bem existirá na Terra? Quando as manchetes nos enchem os olhos e os ouvidos com as histórias de violência e maldade que atingem tantas pessoas, nos indagamos se haverá alguém em quem possamos confiar.
Quando ouvimos falar de pessoas simples, que se deixaram enganar, na tentativa de solucionar seus problemas; quando nos relatam tantas ações ruins que ocorrem, todos os dias, quase desacreditamos que haja pessoas boas nesta Terra.
E, no entanto, o que falta é a imprensa escrita, falada, televisionada lançar sua atenção para outro lado e focar nas coisas boas deste mundo. E são muitas.
Enquanto o mal alcança a mídia e as redes sociais, transmitido, postado e replicado, uma enorme rede de bondade silenciosamente se estende pelo mundo.
Basta que uma dificuldade se apresente e muitas mãos, mentes e corações se voltam, na tentativa de auxiliar. E, conforme a exortação evangélica de a mão esquerda não saber o que oferece a direita, tudo fazem de forma anônima, sem alarde.
Aquela adolescente, de apenas dezesseis anos, aprendeu isso, por experiência própria. Ela se entregara à prostituição porque entendera ser a forma mais rápida de obter os recursos de que sua família precisava.
Assim, conseguia colocar comida à mesa, e medicamentos, e roupas. Ninguém a aconselhara, de forma diferente. Ou lhe sugerira outro caminho.
Mesmo quando se descobriu grávida, continuou nas ruas. Embora o ventre fosse mostrando, paulatinamente, a gestação que avançava, ela não viu diminuírem seus clientes.
Até o dia em que foi abordada por um policial. Estranhamente, ele a convidou para ir à sua casa. E ali lhe ofereceu abrigo, alimentação, todo o apoio de que precisasse, para ela e para o filho que estava a caminho.
De imediato, lhe disse que estava abrindo as portas do seu lar, para que ela abandonasse a prostituição. Que a desejava amparada e ao filho.
Deu-lhe as chaves da casa, comprou-lhe roupas, ajudou-a a preparar o enxoval para a criança.
O que ele desejava com essa atitude? Somente que ela mudasse de vida. E Marília se deixou ficar ali. Desconfiada, de início, que algo ele exigisse, em troca. No entanto, os dias lhe mostrariam o contrário.
O bebê nasceu e ela continuou no lar daquele homem que a vira nas ruas e tivera compaixão dela. Que a vira como uma filha que precisava ser amparada, cuidada.
Mais tarde, ela conheceu um jovem, namoraram e ela se consorciou, formando o seu próprio lar, levando o filho consigo.
Quando ela contava sua história, dizia que tudo devia àquele homem, àquele policial que a vira, na noite fria, ofertando o corpo a quem desejasse, a barriga saliente, demonstrando a gravidez de meses.
Aquele homem fora o bom samaritano em sua vida. Não lhe pedira nada, não lhe exigira nada além de que abandonasse as ruas e se voltasse para o filho, a nascer, em breve.
*   *   *
Sim, existe muito bem espalhado pelo mundo. Pessoas anônimas que amparam aqui, aconselham adiante, sustentam além.
Pessoas que reconhecem a necessidade quando a veem. E conseguem vislumbrar o ser humano, além da fachada externa. O ser humano que deseja atenção, apoio, abrigo.
Que precisa de um teto sobre a cabeça, alimento à mesa, um aceno de esperança para os dias futuros.
Quantos de nós somos dessas pessoas que realizam o bem? Quantos de nós desejamos aderir a esse bem, anônimo, eficiente, propagador de esperança?
Redação do Momento Espírita,
 com base em fato.
Em 11.10.2018.

A última bem-aventurança

É muito conhecida a passagem bíblica nominada de Sermão da montanha.
Nela, Jesus anuncia as bem-aventuranças.
Ele enaltece a conduta dos mansos, dos humildes e dos sedentos de justiça, dentre outros, afirmando que são bem-aventurados.
Entretanto, o Cristo anunciou mais uma bem-aventurança, que costuma passar despercebida.
Após sua ressurreição, Ele apareceu a várias pessoas, mas o discípulo Tomé não estava entre elas.
Ao saber do evento, Tomé afirmou que somente acreditaria se visse os sinais do martírio em Jesus e neles pudesse colocar a mão.
A oportunidade não se fez tardar e o Mestre logo lhe apareceu.
Após se mostrar, Jesus sentenciou:
Porque me viste, Tomé, creste. Bem-aventurados os que não viram e creram.
É interessante observar que se tratava do momento em que os testemunhos dos apóstolos principiariam.
Estava finda a época do aprendizado direto junto ao Messias divino.
Ocorre que na luta pela implantação de um ideal nem sempre tudo corre à maravilha.
Costuma haver resistências e vários incomodados se fazem adversários da obra.
Para perseverar, nos momentos de dificuldade, é preciso ter fé.
Sem uma crença firme de que o bem vencerá torna-se fácil desistir no meio do caminho.
É necessário crer na efetivação do ideal antes de vê-lo concluído.
Feliz de quem possui a força íntima necessária para lutar sem esmorecer.
De quem acredita no bem, mesmo quando o mal aparentemente vence.
Quem precisa ver para crer hesita e desfalece com frequência.
Porque a corrupção parece crescer, duvida da vitória final da honestidade.
Porque são muitos os cruéis, acha que a compaixão talvez nunca vença.
Se o bem demora a se instalar, acredita que não compensa lutar por ele.
Bem se vê o quanto a fé é necessária em um projeto de longo prazo.
Sem essa certeza das coisas esperadas, a força esmorece e a luta é abandonada.
Nesses tempos turbulentos, convém refletir a respeito da firmeza da própria fé.
Acreditar firmemente na vitória do bem ajuda a jamais corromper a própria essência.
Sem essa convicção, pode-se ficar tentado a levar vantagem e a dar umjeitinho, em prejuízo da própria dignidade.
Ocorre que a dignidade e a fidelidade aos próprios valores são extremamente preciosas.
Elas propiciam paz de consciência e tornam possível andar de cabeça erguida em qualquer ambiente.
Bem-aventurado quem crê antes de ver e por isso tem a força de viver e construir o bem.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.  XXI, do livroA mensagem do Amor Imortal, pelo Espírito Amélia Rodrigues,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.

Em 16.10.2018.

Aprendizado


Todos os dias temos aprendizados preciosos. Ter notícias do que outros aprenderam, de suas experiências é também uma forma de aprendizado.
Algumas respostas a uma enquete nacional, que encontramos em determinada revista, nos levou a reflexões muito interessantes.
Uma delas dizia:
Aprendi a nunca me despedir de uma pessoa antes de fazer as pazes.
Um dia, em visita aos meus pais, discuti com minha mãe justo na hora de pegar o carro e voltar à minha cidade.
Zangado, não telefonei para dizer que cheguei bem, como sempre fazia.
No dia seguinte, meu cunhado ligou: ela tinha falecido. Não tive tempo de me desculpar.
Eis um sofrimento enorme, um aperto no coração, que pode sempre ser evitado, se soubermos resolver nossas desavenças logo, sem deixar que o tempo passe e a mágoa crie raízes.
Quantos de nós não daríamos tudo por uma despedida decente, por um pedido de desculpas como esse?
Outra pessoa inquirida, dizia:
Sempre adorei ficar sozinha, desde criança. Não precisava de ninguém para nada.
Por isso, nem chorei na despedida da família e dos amigos quando fui morar no exterior.
Porém, bastou um mês longe de casa para eu ver que a certeza de estar rodeada pelos que me amavam, é que me tornava tão independente.
Solitária de verdade, eu não era nada!
Quantos de nós apenas damos valor à presença, quando somos obrigados a conviver com a ausência.
Ninguém nasceu para ser só. Somos seres sociais, e precisamos dos outros para crescer, para nos desenvolver.
Momentos a sós são necessários, fundamentais. Uma vida de solidão é desnecessária, perigosa.
Outro entrevistado, ainda, afirmava:
O mais importante da vida é a família, nosso verdadeiro porto seguro.
O mundo novo, o da regeneração das almas, aponta com segurança para a célula familiar.
É na família que tudo se resolve, que tudo renasce, que tudo recomeça.
Não se faz necessário que viajemos para longe, para buscar o sentido da vida. Ele está conosco, sob o mesmo teto, na figura da família.
Gostemos ou não da família que temos, saibamos que é a família que necessitamos.
Deus não erra. Nascemos onde precisávamos nascer. Com quem precisávamos estar.
*   *   *
De tempos em tempos, precisamos nos perguntar: O que de importante aprendi?
Ficar muito tempo sem realizar aprendizado algum é preocupante, e nenhum de nós, sem exceção, pode prescindir de aprender.
Levar uma vida de aprendizado é fundamental para ser feliz.
Viemos para a Terra para sair maiores, maiores que nós mesmos quando entramos na esfera de uma nova existência.
Vida e aprendizado precisam ser sinônimos em nossos pensamentos e atos.
Quem coleciona aprendizados deixa a si mesmo, e ao mundo, melhor.
Redação do Momento Espírita, com base em matéria
da revista 
Sorria, de março/abril 2009, ed. Mol.
Em 19.10.2018.

Trabalho e amor

O poeta das delicadezas, Khalil Gibran, assim escreve a respeito do trabalho:
Todo trabalho é vazio exceto se houver amor. E quando trabalhais com amor estais a ligar-vos a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus.
E o que é trabalhar com amor?
É tecer o pano com fios arrancados do vosso coração, como se os vossos bem amados fossem usar esse pano.
É semear sementes com ternura e fazer a colheita com alegria, como se os vossos bem amados fossem comer a fruta.
O trabalho é o amor tornado visível.
*   *   *
Com alegria, a doce professora adentrava à classe.
Seu sorriso contagiante, sua bondade, a paciência para explicar os difíceis conteúdos da matemática faziam com que sua aula fosse uma das mais esperadas.
Entre números, sorrisos. Entre equações, incentivo. Entre fórmulas, a alegria do ensinar, que se convertia na alegria do aprender.
Por escolha popular, tornou-se diretora da escola na qual lecionava.
Em sua sala, recebia alunos e pais dos mais diversos matizes. Tantas histórias, tantas dificuldades.
Para cada um deles, uma palavra de estímulo, um voto de confiança. O auxílio abnegado em nome da educação e também em nome da fé em Deus que, otimista, cultivava em seu coração.
Tudo transcorria bem até que, um dia, recebeu a chocante notícia: um câncer de difícil tratamento tomava-lhe o organismo.
Ela não contava nem quarenta anos e, contra a doença, por meses, embrenhou-se em profunda batalha.
Por vezes, sentiu o coração temeroso. Por vezes, sentiu-se só. Em alguns instantes, revoltou-se: três filhos pequenos esperavam-lhe os cuidados.
Em momento algum, porém, deixou de sorrir, deixou de ser otimista, deixou de oferecer palavras gentis àqueles que a procuravam.
Por mais rude que fosse o tratamento, enquanto tinha forças, trabalhou alegremente. Preocupava-se com o bem-estar de seus alunos e da escola sob sua gestão.
Quando os cabelos lhe caíram, durante os jogos escolares, todos os alunos, de forma solidária, utilizaram lenços em sua homenagem.
Todavia, a doença avançou a passos rápidos e a professora alegre e festiva, que gostava de ensinar tanto quanto gostava de dançar, retornou às moradas celestes.
Após o falecimento, pais, alunos e colegas de trabalho solicitaram ao núcleo de educação a mudança do nome da escola.
Numa cerimônia emocionante, em 1º de setembro, dia do aniversário da professora, o colégio ganhou nova denominação: Colégio Estadual Professora Kamilla Pivovar da Cruz.
*   *   *
Ao longo de nossas jornadas, Deus nos confia missões as mais diversas, de acordo com nossas aptidões: ensinar, curar, projetar, construir.
De que maneira temos nos portado diante do trabalho? Trata-se apenas de meio para adquirirmos os recursos financeiros necessários à sobrevivência ou nele encontramos possibilidades de ajudarmos a transformar o mundo?
Em todas as coisas percebemos o agir do Criador. Em tudo encontramos a divina assinatura.
O trabalho realizado com amor é forma de deixarmos nossa assinatura no curso da evolução. É forma de participarmos ativamente da atuação divina que, a todo instante, por inesgotável amor, cria e trabalha, sempre e sem cessar.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base na biografia da
 professora Kamilla Pivovar da Cruz e com citações iniciais do cap.
  Sobre o trabalho, do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran,
 tradução de Mansour Challita, ed. Acigi.

Em 24.10.2018.