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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Onde andará o meu doutor?

Hoje acordei sentindo uma dorzinha,

aquela dor sem explicação,

e uma palpitação,

resolvi procurar um doutor,

fui divagando pelo caminho...

Lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco

e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...

O Meu Doutor que curava a minha dor,

não apenas a do meu corpo mas a da minha alma,

que me transmitia paz e calma!





Chegando à recepção do consultório,

fui atendida com uma pergunta:

QUAL O SEU PLANO?

O MEU PLANO?

Ah, o meu plano é viver mais e feliz!

é dar sorrisos, aquecer os que sentem frio

e preencher esse vazio que sinto agora!

Mas a resposta teria que ser outra...



o MEU PLANO DE SAÚDE...

Apresentei o documento do dito cujo

já meio suada, tanto quanto o meu bolso, e aguardei...

Quando fui chamada corri apressada,

ia ser atendida pelo Doutor,

aquele que cura qualquer tipo de dor...

Entrei e o olhei, me surpreendi,

rosto trancado, triste e cansado...

será que ele estava adoentado?

É, quem sabe, talvez gripado

não tinha um semblante alegre,

provavelmente devido à febre...

Dei um sorriso meio de lado e um bom dia...

Sobre a mesa, à sua frente, um computador,

e no seu semblante a sua dor.

O que fizeram com o Doutor?



Quando ouvi a sua voz de repente:

O que a senhora sente?

Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo...

Parecia mais doente do que eu, a paciente...

Eu? ah! sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação

e esperei a sua reação.

Vai me examinar, escutar a minha voz

auscultar o meu coração...

Para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:

peça autorização desses exames para conseguir a realização...

Quando li quase morri...



TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA,

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

e CINTILOGRAFIA!?



Ai, meu Deus! que agonia!

Eu só conhecia uma tal de abreugrafia...

Só sabia que ressonar era (dormir),

De magnético eu conhecia um olhar...

E cintilar só o das estrelas!

Estaria eu à beira da morte? de ir para o céu?

Iria morrer assim ao léu?

Naquele instante timidamente pensei em falar:

Terá o senhor uma amostra grátis

de calor humano para aquecer esse meu frio?

Que fazer com essa sensação de vazio?

e observe, Doutor,

o tal Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que

A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.



Olhe para mim...

Bem verdade que o juramento dele está ultrapassado!

médico não é sacerdote...

Tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...

Mas, por favor, me olhe, ouça a minha história!

Preciso que o senhor me escute, ausculte

e examine!



Estou sentindo falta de dizer até aquele 33!

Não me abandone assim de uma vez!

Procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!

Alimente a minha mente e o meu coração...

Me dê, ao menos, uma explicação! O senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim!

gosto de pisar na areia e seguir em frente

deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida,

estarei errada?

Ou estarei com o verme do amarelão?

Existirá umas gotinhas de solução?



Será que já existe vacina contra o tédio?

Ou não terá remédio?

Que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor!

Cadê o Sccoth, aquele da Emulsão?

Que tinha um gosto horrível mas me deixava forte

que nem um Sansão!

E o Elixir? Paregórico e categórico,

E o chazinho de cidreira,

que me deixava a sorrir sem tonteiras?

Será que pensei asneiras?



Ah! meu querido e adoentado Doutor!

Sinto saudades

dos seus ouvidos para me escutar,

das suas mãos para me examinar,

do seu olhar compreensivo e amigo...

do seu pensar...

O seu sorriso que aliviava a minha dor...

Que me dava forças para lutar contra a doença...

e que estimulava a minha saúde e a minha crença...

Sairei daqui para um ataúde?

Preciso viver e ter saúde!

Por favor, me ajude!



Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim,

caso contrário chegaremos ao fim...

Porque da consulta só restou uma requisição

digitada em um computador

e o olhar vago e cansado do Doutor!

Precisamos urgente dos nossos médicos amigos,

a medicina agoniza...

ouço até os seus gemidos...



Por favor, tragam de volta o meu Doutor!

Estamos todos doentes e sentindo dor...

E peço, para o ser humano, uma receita de calor,

e para o exercício da medicina..... uma prescrição de amor!

(Tatiana Bruscky*)



* Tatiana Bruscky é médica e mora em Recife (PE)

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