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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

PÃO VELHO



Eu estava molhando o jardim da minha casa, quando vi um

menino parado junto ao portão, me olhando.

- Dona, tem pão velho? - perguntou ele.

Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou...

Olhei para aquele menino e perguntei:

- Onde você mora?

- Depois do zoológico.

- Bem longe, hein?

- É... mas eu tenho que pedir as coisas para comer.

- Você está na escola?

- Não. Minha mãe não pode comprar material.

- Seu pai mora com vocês?

- Ele sumiu...



E o papo prosseguiu, até que eu disse:

- Vou buscar o pão. Serve pão novo?

- Não precisa, não. A senhora já conversou comigo,

isso é suficiente.



Esta resposta caiu em mim como um raio.

Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor

daquela criança. Tão nova e já sem sonhos, sem brinquedos, sem

comida, sem escola e tão necessitada de um papo, de uma

conversa amiga.



Quantas lições podemos tirar desta resposta:

"Não precisa, não. A senhora já conversou comigo, isso é suficiente!"